Um cavalheiro de antigamente

João Capistrano Sales Honório Cota tinha os pais como exemplos de caráter. Lucas Procópio Honório Cota, coronel da Guarda Nacional e político influente, era lembrado pelos bons feitos em Duas Pontes, o vilarejo mineiro onde vivem os personagens de Autran Dourado. Isaltina Sales Cota, mulher conhecida pela religiosidade, elegância, caridade e beleza, pertenceu à corte, mantendo, portanto, a aura de nobreza e o hábito da música clássica. Já adulto e casado, João é surpreendido por uma maliciosa carta anônima que faz revelações sobre o passado de seus progenitores. A carta insinua um caso de amor entre Isaltina e o padre Agostinho Saraiva. Lucas, morto quando o filho tinha 10 anos, teria suspeitado da traição da mulher e mandado surrar o padre, que fugiu da cidade. Atormentado, João busca conselhos com o doutor Maciel Gouveia, médico influente e testemunha dos acontecimentos daquele passado distante. Em longas conversas, Gouveia revela a ele o verdadeiro caráter de seu pai: sádico, violento, trapaceiro e carrasco de escravos. Para ser aceito pela sociedade de Duas Pontes e expandir seus negócios, decide casar-se com uma mulher fina e de boa família. Foi buscar em Diamantina a filha do barão de Datas, Cristino de Almeida Sales, com quem fez um acerto financeiro, no qual Isaltina era a mercadoria. Mesmo tendo casado contrafeita, educou o marido e tornou-o um homem benquisto, imagem que o coronel da Guarda deixou como legado para a cidade. Ao saber do casamento arranjado e da tirania de seu pai, Capistrano fica abalado e a suspeita do amor entre o padre e a mãe causa ressentimento e fúria. Determinado a matar o autor da carta e a descobrir a verdade, ele enfrenta a maledicência e o conservadorismo típicos do interior de Minas no começo do século XX, ao mesmo tempo que alimenta a ideia de defesa da honra com sangue.