O Máo Rei E O Bom Subdito: Um Trecho Da Historia Portugueza

Nonfiction, Religion & Spirituality, New Age, History, Fiction & Literature
Cover of the book O Máo Rei E O Bom Subdito: Um Trecho Da Historia Portugueza by Anonymous, Library of Alexandria
View on Amazon View on AbeBooks View on Kobo View on B.Depository View on eBay View on Walmart
Author: Anonymous ISBN: 9781465567468
Publisher: Library of Alexandria Publication: July 29, 2009
Imprint: Library of Alexandria Language: Portuguese
Author: Anonymous
ISBN: 9781465567468
Publisher: Library of Alexandria
Publication: July 29, 2009
Imprint: Library of Alexandria
Language: Portuguese
ElRei D. Sancho 2.º, denominado o Capello, ou por causa da sua maneira de vestir (mais monastica que militar), ou em razão de seu natural timido e fraco, parecia antes mais proprio para viver retirado em um mosteiro, que para governar um Estado. Quando seu pai morreu, tinha elle 26 annos, e como era descuidado dos negocios do reino, e completamente inhabil para o cargo que herdára, cada um vivia em Portugal muito á sua vontade, tanto por causa da brandura do monarcha, e da sua simplicidade, como em razão da maldade de seus conselheiros, e validos; porque estes, vendo-o tão bem disposto para lhes deixar executar os máos desejos, se servião de suas faltas para satisfazer sua avidez. Ora, havia n'este tempo em Castella uma viuva muito moça, bella, e de grande ascendencia; era D. Mecia de Haro, filha de D. Lopo Dias de{6} Haro, senhor de Biscaya, e de D. Urraca Affonso, filha natural d'Affonso 9.º Rei de Leão. Esta dama tinha sido casada com D. Alvaro Perez de Castro, filho de D. Pedro Fernandez de Castro, o Castelhano, e de D. Ximena Gomez, sua mulher, com quem havia tido longos amores. E era este o mesmo que se mostrava tão louco com a sua paixão, e tão contente de si proprio, que um dia tendo o Rei de Castella vindo pôr o cerco diante de uma de suas cidades, tinha mandado armar as muralhas de panno de sêda, dizendo que não queria outra defeza entre elle e os que o vinhão atacar. Emfim, tendo-se casado com D. Mecia, e tendo vivido alguns tempos com ella, havia morrido sem deixar filhos. Foi então que achando-se D. Mecia no mais subido auge de seus encantos, os validos d'Elrei D. Sancho, que conhecião suas inclinações, exaggerárão de tal modo a belleza d'esta dama, que o persuadírão a toma-la por mulher. Sendo elles, pois, os authores da sua união, D. Mecia reconheceo sempre a obrigação em que lhes estava; e foi para com elles tão excessiva a sua gratidão, que por causa d'ella esteve o reino a ponto de se destruir. D. Mecia, com seus validos e os conselheiros d'ElRei D. Sancho, dispunha de tudo a seu bel-prazer, dando os empregos e os beneficios, fazendo o bem e o mal conforme lhe agradava. Então os nobres e os prelados fizerão advertencias a Elrei D. Sancho, representando-lhe que D. Mecia era sua parenta por sua tia Berenguela: e que, se, conforme a lei de Deus, elle a não podia desposar, segundo a lei da honra, ainda menos o devia fazer, sendo D. Mecia estéril. N'uma palavra, dizião que devia largar esta mulher; mas o Rei lhe{7} estava tão affeiçoado, que, ou fosse por arte de magía, ou por causa da sua belleza, não podia separar-se d'ella. Hindo as cousas assim, e continuando ella a favorecer os conselheiros do Rei, mil extorsões, e mil rapinas se commettião, sem que nenhum cuidado dessem a ElRei, e sem que elle escutasse as queixas de seus subditos
View on Amazon View on AbeBooks View on Kobo View on B.Depository View on eBay View on Walmart
ElRei D. Sancho 2.º, denominado o Capello, ou por causa da sua maneira de vestir (mais monastica que militar), ou em razão de seu natural timido e fraco, parecia antes mais proprio para viver retirado em um mosteiro, que para governar um Estado. Quando seu pai morreu, tinha elle 26 annos, e como era descuidado dos negocios do reino, e completamente inhabil para o cargo que herdára, cada um vivia em Portugal muito á sua vontade, tanto por causa da brandura do monarcha, e da sua simplicidade, como em razão da maldade de seus conselheiros, e validos; porque estes, vendo-o tão bem disposto para lhes deixar executar os máos desejos, se servião de suas faltas para satisfazer sua avidez. Ora, havia n'este tempo em Castella uma viuva muito moça, bella, e de grande ascendencia; era D. Mecia de Haro, filha de D. Lopo Dias de{6} Haro, senhor de Biscaya, e de D. Urraca Affonso, filha natural d'Affonso 9.º Rei de Leão. Esta dama tinha sido casada com D. Alvaro Perez de Castro, filho de D. Pedro Fernandez de Castro, o Castelhano, e de D. Ximena Gomez, sua mulher, com quem havia tido longos amores. E era este o mesmo que se mostrava tão louco com a sua paixão, e tão contente de si proprio, que um dia tendo o Rei de Castella vindo pôr o cerco diante de uma de suas cidades, tinha mandado armar as muralhas de panno de sêda, dizendo que não queria outra defeza entre elle e os que o vinhão atacar. Emfim, tendo-se casado com D. Mecia, e tendo vivido alguns tempos com ella, havia morrido sem deixar filhos. Foi então que achando-se D. Mecia no mais subido auge de seus encantos, os validos d'Elrei D. Sancho, que conhecião suas inclinações, exaggerárão de tal modo a belleza d'esta dama, que o persuadírão a toma-la por mulher. Sendo elles, pois, os authores da sua união, D. Mecia reconheceo sempre a obrigação em que lhes estava; e foi para com elles tão excessiva a sua gratidão, que por causa d'ella esteve o reino a ponto de se destruir. D. Mecia, com seus validos e os conselheiros d'ElRei D. Sancho, dispunha de tudo a seu bel-prazer, dando os empregos e os beneficios, fazendo o bem e o mal conforme lhe agradava. Então os nobres e os prelados fizerão advertencias a Elrei D. Sancho, representando-lhe que D. Mecia era sua parenta por sua tia Berenguela: e que, se, conforme a lei de Deus, elle a não podia desposar, segundo a lei da honra, ainda menos o devia fazer, sendo D. Mecia estéril. N'uma palavra, dizião que devia largar esta mulher; mas o Rei lhe{7} estava tão affeiçoado, que, ou fosse por arte de magía, ou por causa da sua belleza, não podia separar-se d'ella. Hindo as cousas assim, e continuando ella a favorecer os conselheiros do Rei, mil extorsões, e mil rapinas se commettião, sem que nenhum cuidado dessem a ElRei, e sem que elle escutasse as queixas de seus subditos

More books from Library of Alexandria

Cover of the book Jesus, the Last Great Initiate by Anonymous
Cover of the book Plant Lore, Legends, and Lyrics Embracing the Myths, Traditions, Superstitions, and Folk-Lore of the Plant Kingdom by Anonymous
Cover of the book Beacon Lights of History: Volume 01: The Old Pagan Civilizations by Anonymous
Cover of the book The Secret of Wyvern Towers by Anonymous
Cover of the book The Masculine Cross and Ancient Sex Worship by Anonymous
Cover of the book The Elixir by Anonymous
Cover of the book Shakespeare's Christmas and Other Stories by Anonymous
Cover of the book Kleine Dichtungen by Anonymous
Cover of the book Pauvre petite! by Anonymous
Cover of the book Años De Juventud Del Doctor Angélico by Anonymous
Cover of the book Obiter Dicta: Second Series by Anonymous
Cover of the book Time and Tide: A Romance of the Moon by Anonymous
Cover of the book Right on the Scaffold, or The Martyrs of 1822 by Anonymous
Cover of the book History of Human Society by Anonymous
Cover of the book A Newport Aquarelle by Anonymous
We use our own "cookies" and third party cookies to improve services and to see statistical information. By using this website, you agree to our Privacy Policy