Annos de Prosa

Nonfiction, Religion & Spirituality, New Age, History, Fiction & Literature
Cover of the book Annos de Prosa by Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, Library of Alexandria
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Author: Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco ISBN: 9781465564764
Publisher: Library of Alexandria Publication: July 29, 2009
Imprint: Library of Alexandria Language: Portuguese
Author: Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco
ISBN: 9781465564764
Publisher: Library of Alexandria
Publication: July 29, 2009
Imprint: Library of Alexandria
Language: Portuguese
DISCURSO PROEMIAL. Altissima é a missão do escriptor, e a do romancista principalmente. O mestre Ignacio da cartilha velha, amoldurada ás necessidades do seculo, é o romancista. Mal hajam os sacerdotes das letras derrancadas que vendem peçonha em lindos crystaes, e desfloram as almas em luxuriante florescencia da sua primavera. O mau romance tem afistulado as entranhas d'este paiz. Não ha fibra direita no coração da mulher que bebeu a morte, e—peior que a morte—algumas dezenas de gallicismos no que por ahi se escreve e copia. O anjo da innocencia foge de certos livros, como os editores de certos authores. A candura virginal de uma menina de quinze annos é a cousa mais equivoca d'este mundo, se a menina leu cousa em que os pedagogos do coração a ensinaram a conhecer-se, antes que a experiencia a doutrinasse. Para cumulo de infortunio, Portugal é um paiz onde se está lendo muito. Acontece aos estomagos famintos, quando se lhes depara alimento bom ou mau, assimilarem-n'o com tamanha sofreguidão, que o encruamento do bôlo, e o marasmo são inevitaveis. Assim e por igual theor, quando os Lucullos e Apicios das letras expõem á voracidade publica as suas iguarias estragadas, a fome de aprender a vida nos romances locupleta-se com tamanha intemperança, que o resultado e as dispepsías espirituaes, tormento de angustias vomitivas, que fazem descer o coração ao lugar do estomago, e subir o estomago ao lugar do coração. Eu tenho assistido a esta deslocação de visceras com lagrimas nos olhos, enxutos para tudo o mais. Muitas vezes tenho perguntado ás velhas se isto assim era no tempo d'ellas. Faz dó vêr a consternação com que algumas expedem um gemido, unisono com o assobio da pitada! Compunge vêr rolar a lagrima preguiçosa do olho desvidrado d'outra, que se recorda da honestidade com que foi amada pelo seu quinto amante
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DISCURSO PROEMIAL. Altissima é a missão do escriptor, e a do romancista principalmente. O mestre Ignacio da cartilha velha, amoldurada ás necessidades do seculo, é o romancista. Mal hajam os sacerdotes das letras derrancadas que vendem peçonha em lindos crystaes, e desfloram as almas em luxuriante florescencia da sua primavera. O mau romance tem afistulado as entranhas d'este paiz. Não ha fibra direita no coração da mulher que bebeu a morte, e—peior que a morte—algumas dezenas de gallicismos no que por ahi se escreve e copia. O anjo da innocencia foge de certos livros, como os editores de certos authores. A candura virginal de uma menina de quinze annos é a cousa mais equivoca d'este mundo, se a menina leu cousa em que os pedagogos do coração a ensinaram a conhecer-se, antes que a experiencia a doutrinasse. Para cumulo de infortunio, Portugal é um paiz onde se está lendo muito. Acontece aos estomagos famintos, quando se lhes depara alimento bom ou mau, assimilarem-n'o com tamanha sofreguidão, que o encruamento do bôlo, e o marasmo são inevitaveis. Assim e por igual theor, quando os Lucullos e Apicios das letras expõem á voracidade publica as suas iguarias estragadas, a fome de aprender a vida nos romances locupleta-se com tamanha intemperança, que o resultado e as dispepsías espirituaes, tormento de angustias vomitivas, que fazem descer o coração ao lugar do estomago, e subir o estomago ao lugar do coração. Eu tenho assistido a esta deslocação de visceras com lagrimas nos olhos, enxutos para tudo o mais. Muitas vezes tenho perguntado ás velhas se isto assim era no tempo d'ellas. Faz dó vêr a consternação com que algumas expedem um gemido, unisono com o assobio da pitada! Compunge vêr rolar a lagrima preguiçosa do olho desvidrado d'outra, que se recorda da honestidade com que foi amada pelo seu quinto amante

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