Por norma, a feitura de um prefácio consubstancia, em si mesma, a noção de acrescento intelectual. Pode até considerar-se prestigiante ter um determinado prefaciador, tendo em vista o seu currículo pessoal ou profissional. Neste caso em concreto, a Honra é toda minha de poder prefaciar obra de semelhantes poetas. Pudera a minha prosa estar ao nível da poesia destes irmãos literários.Cada qual, à sua maneira, reproduz os seus sentimentos, eivados de paixão, fremindo com deleite poético. Li e reli, algumas vezes, a obra. Porque nem sempre a poesia, para ser apreciada, deve ser simples. Trata-se aqui de formas de expressão tão repletas de pujança existencial, de sentido estético, que o leitor terá a grata sensação de descoberta. Se o hermetismo não é mera funcionalidade retórica, pois então desde que aplicado a preceito, como acontece não raras vezes nestas páginas sublima o efeito final. Como tal, percebo que não é a mão que conduz as suas letras, mas a Alma.Dispensável será, nesta parte inicial da obra, fazer particular destaque a qualquer um dos poemas ou dos seus redatores. Qual a razão? Muito simples. A homogeneidade é imensa. A qualidade dos autores é insofismável. O término da leitura será idêntico: uma sensação de ser inundado pelo transcendental.É um paraíso de ébano? Sim, mas não só. Um verdejante vivencial. Um azul luminoso. Um dourado resplandecente. Uma alvura de coração. Tantas cores, tantos cheiros, tantos sabores. Pessoas reais. Visões míticas. A fé presente de forma pujante. O místico da Bahia que se entrelaça indelevelmente com Maputo, Muxima, Lisboa… Entre a poetisa Dye Kassembe e os poetas Eduardo Quive, Walter S e Valdeck Almeida de Jesus há algo que os distingue em termos de estilo e temáticas adotadas. No entanto, muito os une os termos de paixão por aquilo que fazem. Esse sentimento perpassa, de forma transversal, todo o conjunto de textos aqui reunidos.Ao longo das páginas deste livro passei, como que em estado de transe intelectual, por uma miscelânea de sensações. Sorri, ri, apaixonei-me, chorei, cogitei. Viajei entre Angola, Brasil e Moçambique. Países irmãos. Unidos por uma língua comum. Senti-me acolhido nos braços de um continente.Antes de terminar, não posso escamotear a relevância maternal pela qual a África é retratada. Trata-se, sobremaneira, de um elo entre os quatro autores e, curiosamente, também entre o prefaciador. Afinal, não somos todos filhos da Mãe África?Pedro Silva - Escritor e Historiador Português
Por norma, a feitura de um prefácio consubstancia, em si mesma, a noção de acrescento intelectual. Pode até considerar-se prestigiante ter um determinado prefaciador, tendo em vista o seu currículo pessoal ou profissional. Neste caso em concreto, a Honra é toda minha de poder prefaciar obra de semelhantes poetas. Pudera a minha prosa estar ao nível da poesia destes irmãos literários.Cada qual, à sua maneira, reproduz os seus sentimentos, eivados de paixão, fremindo com deleite poético. Li e reli, algumas vezes, a obra. Porque nem sempre a poesia, para ser apreciada, deve ser simples. Trata-se aqui de formas de expressão tão repletas de pujança existencial, de sentido estético, que o leitor terá a grata sensação de descoberta. Se o hermetismo não é mera funcionalidade retórica, pois então desde que aplicado a preceito, como acontece não raras vezes nestas páginas sublima o efeito final. Como tal, percebo que não é a mão que conduz as suas letras, mas a Alma.Dispensável será, nesta parte inicial da obra, fazer particular destaque a qualquer um dos poemas ou dos seus redatores. Qual a razão? Muito simples. A homogeneidade é imensa. A qualidade dos autores é insofismável. O término da leitura será idêntico: uma sensação de ser inundado pelo transcendental.É um paraíso de ébano? Sim, mas não só. Um verdejante vivencial. Um azul luminoso. Um dourado resplandecente. Uma alvura de coração. Tantas cores, tantos cheiros, tantos sabores. Pessoas reais. Visões míticas. A fé presente de forma pujante. O místico da Bahia que se entrelaça indelevelmente com Maputo, Muxima, Lisboa… Entre a poetisa Dye Kassembe e os poetas Eduardo Quive, Walter S e Valdeck Almeida de Jesus há algo que os distingue em termos de estilo e temáticas adotadas. No entanto, muito os une os termos de paixão por aquilo que fazem. Esse sentimento perpassa, de forma transversal, todo o conjunto de textos aqui reunidos.Ao longo das páginas deste livro passei, como que em estado de transe intelectual, por uma miscelânea de sensações. Sorri, ri, apaixonei-me, chorei, cogitei. Viajei entre Angola, Brasil e Moçambique. Países irmãos. Unidos por uma língua comum. Senti-me acolhido nos braços de um continente.Antes de terminar, não posso escamotear a relevância maternal pela qual a África é retratada. Trata-se, sobremaneira, de um elo entre os quatro autores e, curiosamente, também entre o prefaciador. Afinal, não somos todos filhos da Mãe África?Pedro Silva - Escritor e Historiador Português